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sábado, 16 de maio de 2009

Análise: Zombie Wranglers (Xbox Live Arcade)

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Um jogo onde o objectivo principal é destruir zombies não tem, necessariamente, que ser um jogo violento. É com esta premissa que a Sierra Online nos traz um jogo dos estúdios Frozen Codebase, onde o nosso objectivo é libertar a cidade dos zombies horríveis que ameaçam a cidade. É de facto, uma história cliché com a agravante de o principal objectivo andar em torno da matança de zombies, algo que também já se torna cliché na game Arcade. Ainda assim, conseguirá Zombie Wranglers ser um jogo convidativo e com uma performance positiva?

Pode dizer-se que sim, Zombie Wranglers é um jogo que trará algumas surpresas ao jogador que não estiver preparado para o seu conteúdo, esperando somente por um jogo onde o acto de matar pobres criaturas se torne, por si só o centro das atenções e onde estarão virados todos os esforços da equipa de produção. A diversão não está na exterminação mas sim na forma como a história se desenrola, ou seja, de uma forma simples e linear mas também divertida (cómica até), onde os constantes textos jocosos, satíricos e sarcásticos contrastam com a história apocalíptica e mortal com que nos deparamos.

Exterminadores e armamento

Não esperam um herói musculado, valentão e com alguma ligação ao governo americano. Pelo contrário, temos à nossa disposição uma de quatro crianças com armas potentes e muito sentido de humor, se disponibilizam para uma caça ao quase-morto. Cada um dos diabretes tem uma arma personalizada, estranha e engraçada, sendo que podemos destruir zombies com o poder da música, aumentando o som da aparelhagem que trazemos às costas, lançar um feitiço que faça com que os zombies se ataquem mutuamente por um período de tempo limitado, bombas anti-zombie, passando pelo simples pontapé que servirá apenas para os deixar a ver estrelas por breves momentos. A arma que mais salta á vista e que é comum a todos é o “aspirador” que podemos usar para capturar as criaturas, ficando vivas na nossa mochila em ponto pequeno e prontas para entregar ao governo, mal o jogo acabe.

No entanto, é nos poderes especiais que a diversão mais se faz sentir, apanhando itens do chão (que custam dinheiro, dinheiro esse que é ganho por cada morte zombie). Esses itens podem ir desde um boost na saúde, uma bomba que torna todos os seres não-vivos em criaturas minúsculas e assustadas, até a máscaras-zombie que permitem que estes nos confundam com um deles, com a ajuda do andar típico de zombie que a nossa personagem imita. Este é um dos momentos mais divertidos do título, podendo nós por breves instantes destruí-los e dar-lhes uns murros sem que estes saibam o que, verdadeiramente, lhes está a acontecer. Mais divertido só mesmo com outra máscara que fará com que fiquemos mais assustadores que os próprios zombies e o resultado é não só engraçado mas também é uma útil ajuda para quem se quer ver livre das criaturas.

Inimigos

As criaturas com que nos cruzamos podem ser os simples zombies que estarão divididos em profissões, hobbies e formas de estar na sociedade, ou seja, podemos encontrar zombies skaters, marrões da escola, pescadores, camponeses, empresários, polícias, até aos mais difíceis que conseguem ter “discernimento” para usar armas de arremesso e armaduras para se defenderem. Existirão alguns que podem ser considerados “boss” como uma bola de zombies que rola desenfreadamente na vossa direcção, ou mesmo uns monstros metálicos que lançam bombas relógio vivas na vossa direcção. Outro problema são os zombies escondidos em caixotes do lixo e caixas do correio, sendo que a nossa aproximação destes objectos é necessária, tendo em conta que encontramos dinheiro ao destruí-las. No entanto se estes forem “habitados” por zombies, não podem ser destruídas, pelo que o melhor é não nos aproximarmos.

O jogo oferece, também, outros obstáculos como esquilos e morcegos que não pensam em outra coisa que não distrair-vos e ferir-vos, podendo ser uma verdadeira dor de cabeça quando o nosso principal objectivo é escapar dos zombies e para piorar, não podemos matar estas criaturas animais. Os humanos não poderiam deixar de constar da lista dos inimigos públicos, neste jogo personificando o abuso de poder das autoridades e do suposto envolvimento do Estado na vaga de zombies na cidade. São eles os agentes da organização CDA, os brutamontes cuja nossa única preocupação será a de os fazer cansar. Sim, eles “apagam-se” depois de três golpes de kung-fu.

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Desenrolar do jogo

A missão é simples: seguir as indicações que nos são dadas através da actividade zombie pela cidade, que nós são dadas pelo telemóvel. Recolher itens para ajudar Grandpa Sammy a descobrir o segredo da infestação e destruir tudo o que não seja humano estará sempre na ordem dos 5 capítulos que estão divididos por 4 missões cada, o que se pode considerar pouco, tendo em conta que a história se completa em cerca de duas horas. Ao longo das missões vamos avançando na cidade, passando pela pizzaria, parque de jogos, supermercado, até chegar ao grande final que só podia ser no local mais aterrador: a escola. No entanto, o nosso herói não deixa o seu humor de parte:

This is the first time I've gotten a phone call at school and not gotten yelld at
.

No fundo, todo o jogo parece uma história metafórica de um bando de miúdos rufias que não tenciona ir à escola e que perde tempo em todos os lugares por onde passa antes de chegar ao "boss" final.

Características técnicas

O jogo tem como plano de fundo a cidade de Potters Field, num ambiente cartoonizado. As cores vivas sobressaem e o verde predominante dos campos contrasta com o cenário caótico em que se encontra a população. Todo o ambiente visual foi tornado propício ao humor e à diversão, pelo que o acto de matar zombies não torna o jogo mais violento ou não aconselhado a crianças (o jogo tem a classificação PEGI +12). Visualmente, o jogo tem uma nota bastante positiva.

No campo sonoro, o jogo também não desilude. Desde a banda sonora que nos acompanha ao longo do jogo, com contornos um pouco "fantasmagóricos” e alusivos ao mundo da fantasia e do suspense. Os zombies emitem o som característico de qualquer produto de entretenimento que ofereça estas “personagens” peculiares; um som austero e grave, imperceptível a quem quer que seja. Já os sons da nossa equipa Zombie Wranglers, apesar da ausência de voz nos telefonemas, emitem sons cómicos que mais servem, mais uma vez, para aliviar a tensão e demonstrar que se trata de um jogo divertido, sendo muitas vezes perceptível um “autch” de quem acaba de se picar numa rosa, quando estamos a sofrer ataques.

Zombie Wranglers tem, no entanto, alguns problemas graves, a começar pela curtíssima longevidade, pois completar a missão principal e recolher todos os itens são tarefas que não durarão mais de um ou dois dias. O outro grande problema que prejudica a jogabilidade e diversão é a câmara que, por vezes, é difícil de controlar e se “esconde” atrás de objectos que podem passar por umas simples folhas. O facto de não podermos atacar as criaturas enquanto estão no chão ou a recompor-se dos ataques primários leva a momentos de desespero, quando os segundos são preciosos para completar as missões. A IA por vezes surpreende pela negativa, nomeadamente no caso da bola de zombies que por vezes se perde por caminhos de onde não consegue sair. Qualquer pessoa aprendeu nos filmes de George A. Romero que os zombies não são inteligentes, mas há limites.

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Multiplayer

A nível de multiplayer, este é um jogo que nos consegue levar a juntar 3 amigos para uma partida offline, quer em modo cooperativo, quer em modo versus. Na Xbox Live, o panorama não muda, sendo 4 o máximo de jogadores permitidos. No entanto, o modo cooperativo é o mais interessante e divertido, à partida em que temos ajuda para derrotar tudo o que deambula pela cidade e não há a sensação de que o único personagem é o centro de todas as atenções dos mortos-vivos.

Para concluir...

Zombie Wranglers é um jogo muito curto e com alguns problemas de mecânica que não chegam para afastar o sentimento de satisfação após completa a história principal, após uns momentos de verdadeiro aperto e correria constante. É um título que se encontra disponível na Xbox Live, por um preço de 800 Microsoft Points e que tem 12 achievements que chegam aos 200 pontos, sendo o mais valioso a derrota do boss final.

Good work! Please allow us to take you kids out for cheeseburgers on the government's tab.

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