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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Entrevista: Seed Studios

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A Seed Studios é uma das primeiras companhias portuguesas de videojogos, criada em 2006, graças a uma parceria entre a Norhold e a LT-Studios. Com sede no Porto, esta empresa tem progredido de forma gradual e sustentada no mercado, tendo mais de uma dezena de trabalhadores directos a fazer com que jogos made in Portugal cheguem ao PC e consolas da nova geração.

Depois de alguns jogos que penetraram o mercado internacional, a empresa está a trabalhar em Under Siege, um jogo de estratégia em tempo real que tem sido revelado a "conta-gotas" e que está a despertar atenções pela imprensa internacional.

A TAKEitGAME entrevistou Filipe Pina, nada mais nada menos que o produtor deste jogo que será lançado, em exclusivo, para a PlayStation 3, via Playstation Store:


TAKEitGAME: A indústria portuguesa de videojogos anda ainda a dar os primeiros passos. Olhando á vossa volta, consideram-se os líderes na qualidade de produção de videojogos nacionais?

Seed Studios: Líderes não, há mais pessoas e empresas a fazer jogos com qualidade em Portugal, de qualquer forma não estamos aqui para competir.


TG: Quais a principais dificuldades que encontram, por serem uma empresa sediada em Portugal? E vantagens? Existem?

SS: As principais dificuldades continua a ser a falta de massa crítica, todos os profissionais que trabalham neste ramo cá em Portugal já estão empregados noutras empresas (ou na Seed). A vantagem é que todas as pessoas que querem em Portugal trabalhar em videojogos partilham um espírito fantástico de trabalho e de entrega que ultrapassa rapidamente todos os outros problemas.


TG: A nÍvel internacional, a indústria dos videojogos tem tido um bom desenvolvimento, empregando cada vez mais pessoas e dando bons resultados. Em alguns países, o reconhecimento do peso e futuro desta indústria leva a que surjam apoios públicos e privados. Como está a situação no nosso país?

SS: A Seed Studios candidatou-se a um apoio do IAPMEI que foi concedido para o desenvolvimento de videojogos. Segundo nos consta, esta foi a primeira vez que tal aconteceu no nosso país. No entanto não existe nenhum apoio direccionado directamente para videojogos, como é o caso do ICAM com o Cinema. Já a nível privado existem muitos investidores interessados, basta apresentar-lhes o negócio certo.


TG: Existem neste momento condições favoráveis ao desenvolvimento de empresas como a Seed Studios, ou quem sabe, ao aparecimento de novos projectos?

SS: Sempre existiram, sempre existirão, mesmo em tempos de crise a oportunidade para este tipo de apostas existe, é preciso é nunca desisitir de procurar.


TG: Neste momento estão a trabalhar em três jogos. Quantas pessoas estão directamente ligadas á produção dos jogos? São todas de nacionalidade portuguesa?

SS: Nós não estamos a trabalhar em 3 jogos, apenas no Under Siege. Somos 14 dentro da empresa mais 6 externamente e sim, são todos Portugueses.

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TG: Toy Shop foi lançado para a consola portátil da Nintendo. Aquatic Tales e Sudoku for Kids vêm a caminho. A Nintendo DS foi uma aposta ganha?

SS: Foi uma aposta ganha no que toca a maturidade da empresa. Começar com uma consola portátil com requisitos tão pequenos permitiu-nos manter os custos baixos e aprender o processo completo de colocar um jogo à venda nas lojas.


TG: Já nos podem dar uma ideia de quando ficarão disponíveis ao público Aquatic Tales e Sudoku for Kids (DS)?

SS: O Aquatic Tales e o Sudoku for Kids para Nintendo DS são propriedades intelectuais da GameInvest, a data de lançamento de ambos não nos cabe a nós decidir.


TG: Os jogos que falámos anteriormente são direccionados a um público infantil/juvenil. Under Siege representa uma evolução, ou uma mudança de estratégia?

SS: Evolução. A estratégia sempre foi fazer jogos.


TG: A posição dominante da Sony em Portugal foi um factor decisivo para a exclusividade de Under Siege na PSN?

SS: Não. Somos uma equipa pequena e decidimos focar-nos numa única plataforma, neste caso a PS3 pareceu-nos a aposta certa para este título através da PSN.

TG: Em declarações anteriores falaram do factor pirataria. No entanto os Xbox Live Arcade não sofrem desse mal, e mesmo no PC, o mercado de jogos independentes tem tido um forte crescimento.

SS: Na Xbox Live Arcade não sei dizer mas é do conhecimento geral que a Xbox360 sofre de pirataria. No PC há sempre formas e alternativas de contornar os sistemas de encriptação, mesmo nos jogos por download o que é uma pena porque existem jogos fantásticos para PC e Xbox e quem os fez não está a receber o dinheiro das vendas que merecia. Por outro lado sim, os jogos independentes no PC têm tido um crescimento.


TG: Têm alguma ideia do preço a que o jogo estará à venda?

SS: Sim mas não posso ainda dizer. Queremos no entanto que seja o preço mais baixo e justo possível.


TG: Under Siege é um jogo de estratégia em tempo real. Que medidas foram tomadas para fazer com que o jogador não sinta falta de jogar com rato e teclado?

SS: É importante esclarecer aqui alguns pontos sobre o rato e teclado:

Primeiro que tudo é mais que sabido que a PS3 suporta ratos e teclados, ou seja, a não inclusão nos jogos é uma decisão do developer.

Segundo, a PS3 é vendida com um Pad, ou seja, o jogador vai estar à espera de poder jogar todos os seus jogos apenas com aquele dispositivo, se o obrigarem a ligar um rato e teclado irá ser uma desvantagem pois 90% das pessoas têm a consola na sala por debaixo do televisor, não dá jeito nenhum estar com rato e teclado no sofá.

Terceiro, nos jogos online convém que todos os utilizadores estejam em pé de igualdade, sem vantagens nem desvantagens, e isto começa por uniformizar o interface.

Com estes pontos em vista, decidimos desde o início, logo a começar no documento de design, a ter o Pad da PS3 em mente e tornar o jogo mais acessível e simples possível. Todo o jogo evoluiu e cresceu à volta do Pad e interface.

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TG: Além dos Humanos e Mekitu, podem-nos dizer que outras raças existirão? Ou quantas?

SS: Não podemos pois não queremos estragar a surpresa, mas sim, existem mais :)


TG: O jogo estará disponível em português?

SS: Claro!


TG: Que modos estarão disponíveis, além do Single Player?

SS: Single Player Cooperativo e Multiplayer em modo Cooperativo e Competitivo.


TG: De que forma serão criados e utilizados os conteúdos produzidos pelos próprios jogadores?

SS: O conteúdo é criado usando o editor que é lançado com o jogo. O editor é o mesmo que usámos para montar todos os níveis que vêem nas imagens e no trailer. Só é preciso o Pad da PS3 e muita imaginação. Mais pormenores sobre isto sairão na próxima actualização do nosso Diário de Desenvolvimento.


TG: Quais as vossas expectativas para o lançamento do jogo, e a aceitação do público em geral? E do público português?

SS: Temos de ter boas expectativas claro, não podemos estar a criar algo e pensar negativamente que não vai ser bem aceite ou que não vai vender.

O público Português é um pouco mais complicado, costuma ser um pouco desconfiado no que toca ao que é produzido em Portugal, penso que faz parte da nossa identidade. No entanto, mantendo a nossa filosofia de competir internacionalmente, penso que a qualidade do Under Siege irá deixar toda a gente orgulhosa.


TG: Já pensam no futuro pós Under Siege? Qual será a direcção a tomar?

SS: Não, agora estamos totalmente focados em fazer deste o melhor jogo possível.


A equipa TAKEitGame agradece o tempo dispendido e deseja o maior sucesso à Seed Studios e ao jogo Under Siege. Que elevem o produto e marca nacional o mais alto possível!



Mais informação:

Site oficial da Seed Studios: www.seed-studios.com
Site oficial de Under Siege: www.undersiege.com
Diário de desenvolvimento de Under Siege:
dev.undersiegegame.com

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