
Em mais uma pequena visita ao mundo dos videojogos nacionais, pretende-se uma abordagem a um dos principais problemas que as produtoras nacionais encontram e na qual exercem grande parte dos seus esforços diários.
A produção nacional é, como já referi, recente relativamente ao nascimento da indústria nacional de videojogos, mas também é verdade que já foram criados alguns títulos com algum reconhecimento além-fronteiras. Assim, se por um lado ainda numa primeira fase de amadurecimento e sem quaisquer títulos no portfolio para mostrar às distribuidoras de forma a ganhar uma boa plataforma de venda do produto e, por outro lado, os recursos financeiros eram escassos e cada projecto um risco demasiado elevado graças à fraca experiência das equipas e nenhum reconhecimento fora de portas, a solução passou por projectos de baixo custo e risco medianamente controlado, sendo que a distribuição também seria de entidades de reconhecimento baixo/médio com utilizadores pouco mais do que suficientes para garantir às produtoras o retorno financeiro investido na fase inicial e ao longo do projecto.
A importância da distribuição é vital para qualquer mercado e os videojogos e em particular as produtoras portuguesas necessitam de um forte intermediário que consiga colocar os produtos nacionais nos mercados que interessam e consigam criar a vontade (se criar "necessidade", tanto melhor) junto do consumidor, através de estratégias de promoção e um óptimo posicionamento na engrenagem da distribuição de produtos e serviços do sector dos videojogos, na vertente digital.
Sendo a grande maioria dos jogos por cá criados, jogos casuais para PC, e estando a conquistar os sites de distribuição das versões digitais dos títulos criados, o passo que se seguiu foi o de conquistar as grandes "plataformas" de lançamento de jogos (e produtoras). A Big Fish Games rapidamente se tornou como uma solução mais vezes adaptada pelas produtoras portuguesas, com os critérios de pré-selecção que podem ser ultrapassados e com uma quantidade de visitantes e potenciais compradores que podem gerar lucros e cimentar a produtora como uma empresa reconhecida, com recursos para adquirir mais recursos humanos e tecnológicos.
A Big Fish Games apresenta-se como potencial para as produtoras nacionais na medida em que se encontra no grupo dos 10 sites do género mais visitados em toda a rede da internet e entre os 2000 sites mais visitados na internet. Em Portugal o número de visitantes equipara-se aos da própria TakeitGame. Com tantos visitantes e potenciais compradores, as produtoras nacionais têm que produzir títulos que sejam aprovados e deixar a questão do marketing com a Big Fish Games, um site onde, em média, um jogador compra 10 jogos por ano, quatro vezes mais do que a média do mercado global. Claro que, como em qualquer negócio onde hajam intermediários, existem custos, que se aplicam a cada cópia digital vendida através do mesmo e as produtoras acabam por receber, em média, entre 25% a 40% do valor de venda ao público (até 2,80€ por cópia).
Um dos reconhecidos sucessos de produtos nacionais lançados na/pela Big Fish Games é Farmer Jane, o último jogo terminado nos estúdios lisboetas da RTS (produtora que já “lançou” trabalhadores para o mercado internacional, inclusive a Crytek) e que, segundo estimativas, chegou a casa de mais de 700 mil jogadores a nível mundial. RTS que já vinha provando dos frutos desta cooperação com as vendas do seu Color Trail (embora não sendo um título exclusivo). A GameInvest é outra empresa nacional que tem apostado na frutuosa relação com a Big Fish Games, embora já com uma relação que já dura há mais tempo, quase sempre de forma exclusiva. É inclusive da GameInvest o último jogo nacional a "mergulhar" na malha de exclusividade com a Big Fish Games: World of Zellians.
Numa altura em que o mercado digital está a ganhar cada vez mais apoiantes (compradores e vendedores), a Big Fish Games tem sido a entidade na qual as produtoras nacionais estão a apostar, pelas garantias que esta tem demonstrado em devolver às mesmas o dinheiro apostado inicialmente. Nesta "primeira fase" do mercado nacional (entenda-se, os "jogos casuais") esta solução parece ser mais que aceitável. Convém mencionar que qualquer jogo da Big Fish Games pode ser experimentado, de forma gratuita, durante 60 minutos, pelo que se ainda não "provaram" o produto nacional, têm por onde escolher, pois qualquer um dos jogos acima referidos vale a pena.
Mais um artigo para a crónica "Videojogos em Portugal", da TakeitGame.
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