
Tendo, num período de ano e meio, pertencido a dois sites nacionais de videojogos de médio-baixo reconhecimento popular, serve este post para falar de um dos aspectos mais importantes a ter em conta aquando da criação/manutenção de uma destas "revistas electrónicas": o público.
Sendo o conhecimento do público-alvo um dos factores principais para o êxito de um projecto desta categoria, é com enorme admiração que me deparo sempre com uma total alienação das pessoas responsáveis, relativamente aos leitores, quer no que respeita aos seus gostos, às suas expectativas, à sua cultura e tantos outros factores que levam o leitor a optar por este ou aquele artigo.
Tendo, em Julho de 2009, escrito um artigo na TakeitGame a rondar o tema do público dos sites nacionais de videojogos e a forma como são tratados aqueles que, ao contrário da maioria, tem já alguma cultura geral e crítica e nesse pressuposto tenta escolher, entre a variadíssima oferta de canais de informação temáticos, hoje volto a falar do mesmo assunto, do ponto de vista da administração, ou não, dos conteúdos inseridos nos sites tendo em conta esse tal aspecto importante, recordo, o conhecimento de quem os visita (e a mais importante das variáveis: o "porquê").
Primeiro ponto importante a reter: em geral, o público é um total desconhecido por quem gere e escreve. Isto porque, sem entrar em pormenores desinteressantes, não se escreve para o público ler.
Por vezes o público é até confundido com outros intervenientes, o que é um erro abismal. Outro erro no qual se insiste em martelar é a criação de conteúdo sensacionalista. Penso que é do conhecimento geral que o Jornal Nacional de Sexta (JN6ª), na TVI, com Manuela Moura Guedes, era de facto o jornal televisivo com maior audiência. Também era do conhecimento geral que os conteúdos gerados exclusivamente naquele programa eram uma merda. Serviam, no entanto, para comentários de café, de lares, monólogos de domésticas solitárias ou mesmo de conforto para frustrados da vida, pois a culpa da sua vida miserável não é sua, mas sim do Sócrates.
Os sites de videojogos em Portugal têm, também eles, um claro síndrome de JN6ª: criação de conteúdos para quem, no tempo livre em que não joga consola ou PC, se serve de "meios de informação" para criticar a consola que sempre quis ter, insultar outros leitores porque têm uma opinião formada sobre algo, passar, no fundo, algum tempo de pura frustração com a vida, alimentado por quem quer fomentar discussão e não informar.
Sendo a idade média do gamer americano 35 anos, a verdade é que a idade média do jogador europeu desce bastante, estando a média espanhola a rondar os 22 anos (PC) ou mesmo os 20 anos (consolas). Não é preciso muito para perceber que a idade média do visitante de revistas electrónicas em Portugal não ultrapassa a dos jogadores de consola em Espanha. Mesmo assumindo que a média chega a maioridade, a verdade é que este visitante tem um grande potencial de crescimento cultural que poderia ser explorado pelos sites nacionais.
Li algures que se estima que grande parte dos jogadores nacionais não leram um livro na vida.
- Não será esse um buraco a explorar por quem escreve artigos em sites portugueses de videojogos?
- Não será uma lufada de ar fresco para os leitores que fogem, cada vez mais, da linguagem sensacionalista e da procura de tópicos de discussão sem interesse?
- Não deverá o escritor criar artigos mais maduros, de forma a criar qualidade e simultanemanete, preencher uma lacuna nos hábitos de leitura do visitante, quebrando as barreiras enormes que, em Portugal, separam os conteúdos escritos sobre videojogos e a maturidade.
- O escritor deve sempre contribuir para que a cultura de videojogos do leitor não se sinja exclusivamente a termos como "mmo", "headshot" "fuck" "fail" "owned" "final fantasy" e "fifa e pes".
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