Hoje, em mais um artigo que se pretende virado para o estado dos videojogos no nosso país, pretendo fazer uma amostra de produtoras (porque developer fica mal num artigo sobre o que é nacional) que operam no nosso território e tentam fazer com que o produto português vingue nesta indústria que é, a cada dia que passa, mais competitiva e global.
Ora, o leitor mais desatento aos últimos artigos que foram expostos sobre a situação da indústria nacional, talvez não tenha reparado que o nosso peso no mercado global de jogos é quase nulo, no que toca a receitas geradas, mas que também existem algumas empresas com jogos que atingiram o "grande público". Ora, a verdade é que a Seed Studios não é a única empresa produtora de videojogos em Portugal, ideia essa que parece estar a surgir com a enorme popularidade que a empresa portuense tem criado a nível nacional e internacional.
Existe, em território nacional, um leque de pequenas empresas com mão-de-obra qualificada mas pouco experiente na produção de videojogos de grande envergadura, mas com bons indicadores no que respeita ao desenvolvimento de jogos casuais. Temos já algumas empresas com jogos bem rentáveis nesta área, graças a bons canais de distribuição, resultantes de parcerias que demoram meses a desenvolver e que passam por uma série de parâmetros de avaliação dos jogos, por vezes muito exigentes. A RTS (PC) é um desses casos, bem como a Inovaworks (iPhone) que conseguiram que os seus produtos estivessem inseridos numa rede de distribuição que agrada ao público-alvo.
Num país onde a competitividade interna e a "mesquinhice" fazem com que as empresas nunca sobressaiam devido a estratégias muito míopes, a nossa indústria de videojogos tem vindo a desenvolver uma capacidade de união face ao feroz mercado que irão encontrar além-fronteiras. Exemplo disso é a interligação entre o mercado de trabalho e o nível académico, com grande parte da equipa da Seed Studios a dar aulas no curso Design de Videojogos na Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos e a estabelecer uma relação entre a teoria e prática muito interessante que, de resto não é normal no Ensino em Portugal. Uma outra estratégia que mostra a união da indústria nacional de videojogos é, claro está, a cumplicidade e, até, parcerias. Hoje, temos um videojogo que está a ser desenvolvido por Seed Studios (versão DS), GameInvest e RTS (versões PC e Wii). GameInvest, essa, que tem contribuído para uma maior maturidade, crescimento e globalização do nosso mercado, sendo já responsável pelo nascimento de algumas pequenas empresas que desenvolvem videojogos.
Se é verdade que as empresas de videojogos em Portugal nasceram com um atraso significativo relativamente a outros países europeus, também é verdade que só com maturidade e trabalho de campo essas mesmas empresas poderão atingir novas plataformas e orçamentos. Já temos alguma notoriedade em jogos casuais e começam a aparecer (esperamos que já este ano) os primeiros jogos para as grandes consolas, numa primeira fase para os mercados online dos mesmos. Depois é só esperar e torcer para que tenha um bom feedback do público, gere receitas e estará aberto o caminho para o aparecimento de grandes projectos na área dos videojogos em Portugal.
O que é que elas andam a fazer, o que fizeram e andam à procura?

Nascida em 2007, esta empresa está já numa fase de reconhecimento internacional considerável tendo em conta o trabalho que tem vindo a desempenhar, sobretudo em jogos para a WiiWare. Conta já com trabalhos como Let's Play: Pet Hospitals (DS) e Chiquititas: The Magical Journey (Wii) Depois de algumas participações em eventos internacionais, como a última GDC, em San Francisco, a companhia prepara-se para lançar o seu Zblu Cops, um jogo de plataformas/acção, baseado numa BD francesa com o mesmo nome. Neste jogo, serão colocadas várias personagens jogáveis para completarmos os nossos objectivos, sendo que cada uma irá ter as suas próprias características, sendo que a "confusão" estará lançada no ecrã.
Esperam-se ainda mais jogos: Miffy (WiiWare e Xbox Live Arcade) e Pink Diary (DS).
No que toca ao futuro da Biodroid Entertainment, este pode passar por alargar o horizonte a novas consolas, pelo que a empresa está à procura dos seguintes colaboradores:
- Xbox 360 Programmer
- PSP Lead Programmer
- DS Programmers
- Experienced CS3 Software Engineer
- Senior 2D Animator
Apresentação dos jogos da Biodroid Entertainment
Trailer de Zblu Cops
Trailer de Zblu Cops

A Blue Shark Studio nasceu em 2004, pelas mãos de Tiago Carita, Patricia e Filipe, sendo Tiago Carita o director. Contam-se 2 os jogos em que a empresa trabalhou em cooperação com a EC-Interactive para GameboyAdvance: Centiped: Breakout and Warlords e Pong: Asteroids and Yars Revenge. Hospital Hustle e Hysteria Hospital também tiveram a contribuição da Blue Shark, na área de grafismo do jogo. Depois de Enerfixe, a empresa está a produzir SOTURI, um action/arcade para iPhone e Zombiis, um jogo que pelo título, poderá ser um exclusivo Wii.
O futuro passará por um projecto direccionado para a PSP, sendo que está a contratar:
- PSP Programmer
- Tools Programmer
- 3D Character Animator
Procuram-se pessoas animadas, pelo que na página que se destina a procurar empregados, pede-se, em jeito de brincadeira, uma dançarina exótica.
Imagens de SOTURI


Esta foi uma das empresas que nasceu (em 2006) com o apadrinhamento da GameInvest e mais uma empresa nacional com a chancela de "Parceira Oficial" da Nintendo. Com o objectivo de atingir um volume de negócios na ordem dos 300 mil euros e criar 6 postos de trabalho em 2011, esta empresa já trabalhou em parceria para o desenvolvimento de Hysteria Hospital (DS) , Enigma 7 (PC) e Vatan Engine (PC).
Quanto ao futuro, os dois próximos projectos da Camel passarão por um novo título casual para PC, Trapped in Time e uma versão DS de Defenders of Law, mais uma propriedade da GameInvest.
Gameplay de Vatan Engine

Criada em 2005, a RTS é possivelmente a produtora portuguesa que mais se tem afirmado no mercado mundial de videojogos, na categoria de jogos casuais para PC. Na medida em que Lumen, Aquapark, ColorTrail e Farmer Jane foram sendo criados, maiores foram os orçamentos e mais sólidas se foram criando as redes de distribuição (como, por exemplo, a Big Fish Games), tão importantes para as produtoras de casuais.
Actualmente, esta companhia está a desenvolver alguns projectos (possivelmente 3), entre eles a versão Wii e PC de Aquatic Tales, em parceria com a GameInvest.
Trailer de Farmer Jane

A Ignite é uma empresa que apareceu no mercado em 2006 e mais uma que se dedicou aos jogos casuais para PC. Com 3 jogos já publicados, encontra-se, de momento, a produzir um novo jogo.
Steam, o jogo casual em que conduzimos um comboio miniatura enquanto diparamos contra balões, foi o seu primeiro jogo, seguido de Netliga, o MMO português de futebol, ao estilo do conhecido Hattrick e, por fim, Assembly Line.
Gameplay de Steam

Fundada em 2006, é, neste momento, a produtora nacional de videojogos com maior hype em todo o mundo, graças ao jogo que está a produzir e será lançado na Primavera de 2010, Under Siege (PSN). Este título já correu inúmeros media internacionais da especialidade e, recentemente, foi anunciado que será compatível com o sensor de movimentos da Sony.
Antes desta aventura, a Seed Studios produziu dois jogos para Nintendo DS, orientados para um público infantil: Toyshop e Sudoku for Kids. Uma versão para DS de Aquatic Tales também estará nos planos. Neste momento, a Seed Studios emprega 14 pessoas, todas elas portuguesas.
Os Designers de Interface têm aqui uma hipótese de inserção no mercado, na medida em que a empresa está abertas a candidaturas nesta área.
Trailer de Under Siege

É das empresas nacionais que produzem videojogos, onde essa mesma actividade não é encarada como a principal. No entanto, o único videojogo que produziu teve uma projecção enorme, não tivesse a cara do melhor jogador de futebol do mundo. Cristiano Ronaldo Underworld Football surgiu em 2006 para a maioria dos telemóveis.
Esta é uma empresa que tem apostado numa área tecnológica diferente da dos videojogos, nomeadamente em Virtual Sightseeing.
Trailer de Cristiano Ronaldo Underworld Football

É a produtora nacional com uma estratégia mais inovadora. Na realidade, é uma empresa que se dedica ao desenvolvimento de jogos à medida. Para fins promocionais e/ou educacionais. Tem um foco no desenvolvimento para PC e na distribuição online de jogos 3D, multiplayer, tendo desenvolvido tecnologia própria que agiliza substancialmente o pipeline da produção de jogos. Integram algumas competências, reunidas à medida, para dar resposta a um solicitação "chave na mão" .
Não são um estúdio de produção de jogos no sentido em que desenvolvamos para uma plataforma ou para distribuição em canais tradicionais, contando títulos. Pensam, antes, os videojogos, em particular jogos 3D Multiplayer online, como fazendo parte de uma estratégia combinada para fins promocionais e de formação, onde o aspecto lúdico e, no extremo, o envolvimento do jogador na construção do próprio jogo são dos aspectos mais importantes e valorizados (player-generated content).
O serviço ludiloom encontra-se, no momento, em fase Alpha, para teste e correcção de bugs. Pode ser acedido em www.ludiloom.com. Terá de ser feito o registo e o download da aplicação/ambiente para a produção e jogo. Nele, os jogadores serão convidados a criar os seus próprios jogos, enriquece-los com conteúdo e, num futuro próximo, vender esses mesmos produtos.
Vídeo de ludiloom

Mais uma editora exclusivamente dedicada aos jogos para PC Download. O primeiro jogo foi lançado em Março de 2008 e desde então já têm um portfolio de 6 jogos, uns com custo de download e outros gratuitos.
Têm os jogos distribuídos por várias distribuidoras e o seu maior sucesso pode ser encontrado na Big Fish Games. Balloon Bliss foi o jogo que gerou mais receita e foi, segundo os mesmos, o que mais trabalho deu a concluir. Foi, também, o primeiro jogo da Vortix.
O seu título mais recente (Março de 2009) é uma sequela de um jogo já lançado em Setembro do ano passado, intitulado Atomik Kaos. É a própria Vortix a dizer que este jogo foi um "extraordinário sucesso por toda a internet". A verdade é que gerou mesmo uma sequela, Atomik Kaos 2: Orbits.
Imagens de Balloon Bliss


Orion's Belt não é uma empresa, mas sim um jogo nacional criado por Nuno André Silva, em 2003. No início não passava de um projecto de uma licenciatura na ISEL. Não nasceu, portanto, de um estúdio com fins financeiros. No entanto, este já gera dinheiro e já "mexe" pela internet. Para a criação deste jogo foi necessário um espaço que foi conseguido na PDM.
Com poucos recursos, a solução passou por tentar alguns parceiros que investissem no projecto. Esse apoio surgiu por parte da ClusterCube que se apresentou como o patrocinador em 2005. Com o passar do tempo foram-se formando parcerias e a verdade é que em 2009, este jogo de estratégia ainda está aí para as curvas.
Imagens de Orion's Belt


A Gameinvest dedica-se sobretudo à criação de videojogos. Nesta área de negócio, desenvolvem jogos para o mercado de PC Download - os tais jogos casuais. Produz, também, jogos para o mercado de consolas. Deram também os primeiros passos na área da animação, tendo desenvolvido um piloto em 3D para uma série de animação para crianças que estamos neste momento a começar a apresentar aos principais canais de distribuição a nível mundial.
Na produção de videojogos, a GameInvest é a produtora nacional com mais experiência e com uma área de actuação mais diversificada. É, também, uma empresa que começa a gerar protocolos com grandes cadeias de distribuição de videojogos, como é o caso da Big Fish Games.
É responsável por grande parte dos jogos com chancela nacional, a nível "individual" ou em parceria com as restantes produtoras portuguesas de videojogos. Aquatic Tales, Defenders of Law, Hysteria Hospital, Toy Shop Tycoon, World of Zellians, entre outros, fazem parte do dossier desta companhia nacional que tem como principais investidores a BCP Capital e a InovCapital.
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